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Falecimento de Mario Seguso, mestre vidreiro e empresario

Recebemos com profunda tristeza a notícia da morte do mestre vidreiro e empresario Mario Seguso, em Poços de Caldas, um dos mais conhecidos e ilustres cidadãos da comunidade italiana em Minas Gerais. Sua perda deixa um grande vazio entre nós. 

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Mario Seguso, nascido em Murano (Veneza-Itália), em 1929, descende de uma das mais antigas e famosas famílias ligadas ao vidro, existentes em Murano, desde antes do ano de 1300. Após concluído o curso de 1º grau em Murano, no ano de 1941 passa a estudar no “Regio Istituto d’Arte”, de Veneza. Contemporaneamente aos cursos, começa a aprimorar os ensinamentos recebidos e executa os seus primeiros trabalhos de forma profissional.

De 1949 até maio de 1954, abre seu próprio atelier, em Murano, onde executa suas gravações para as mais conceituadas empresas especializadas no comércio do cristal artístico. Participa, durante este período, de várias exposições, destacando-se entre elas aquela realizada na “Galleria Bevilacqua La Masa”, em Veneza. Em 1953 executa, com desenho de Oscar Kokoschka, uma gravação para a “Mostra Internazionale” promovida pelo “Centro do Vidro Moderno de Murano”, que tinha sido fundado naquela época.

Em 1954, a convite da Cristais Prado S.A. – com sede na cidade de São Paulo – transfere-se para o Brasil, onde grava uma série de peças (taças e vasos) apresentadas na Grande Exposição Comemorativa dos 400 Anos da Fundação de São Paulo, realizada no Parque Ibirapuera. De 1954 a 1956 executa vários trabalhos, como a grande taça alegórica gravada para presentear o Presidente da República, Juscelino Kubitschek de Oliveira.

No ano de 1956 desliga-se da Cristais Prado para montar seu atelier, onde trabalha por conta própria e dá assistência a uma cristaleria de São Paulo, na qualidade de designer. Dedica-se a novas pesquisas sobre a técnica de gravação, substituindo uma parte do que adquirira através do aprendizado tradicional por uma maior aproximação à realidade da cultura brasileira, levando-a a uma interpretação mais moderna de sua arte primitiva, transmitida por rápidos e decididos entalhes. Desenvolve neste período o estilo que será o ponto de partida de toda sua futura produção artística.

Para poder ter cristais em quantidade e qualidade necessárias para gravar, no ano de 1965 funda, com dois sócios também de tradicionais famílias vidreiras de Murano – Vittorio Ferro e Piero Toso – a Cristaleria Artística Cá d’Oro, em Poços de Caldas, para a qual desenha a maior parte das peças produzidas seguindo um estilo sóbrio e moderno. Poucos anos após a fundação da fábrica, Vittorio desliga-se para voltar à Itália e 10 anos mais tarde Piero se aposenta.

Dentro da própria fábrica, Mario cria a Oficina de Fogo e Arte, para dar continuidade às pesquisas de novas formas e efeitos. Com o domínio absoluto da refinada técnica de desenho e fabricação, aliado a todos esses anos de absorção da cultura, flora, fauna, luzes e outras maravilhas brasileiras, Mario revela seu estilo inconfundível sempre criando novas peças e esculturas. O seu trabalho artístico passa a ser amplamente reconhecido no Brasil e no exterior.

Foram necessários muitos anos de expectativa para se ver realizar a metamorfose inciada desde sua chegada ao Brasil. No ano de 1992, por ter alcançado um estágio de consciente amadurecimento, decide apresentar suas obras elaboradas durante anos de contínuas pesquisas e experiências vividas ao calor das fornalhas, manipulando e plasmando o mais nobre e exigente dos materiais.

A demora em apresentar seus trabalhos únicos e assinados para a apreciação do público e da crítica deveu-se somente ao período de tempo que se tornou necessário para adquirir a certeza de apresentar obras idealizadas e plasmadas, para serem verdadeiros frutos da terra brasileira e da sua cultura, iniciando assim, no setor da arte de vidro artístico, o desvencilhamento dos modelos vindos de fora, para começar uma escola e um estilo próprio.